Ata Grupo de Gestantes - 28 de Janeiro de 2009
Neste encontro conversamos muito sobre o que cada uma das gestantes esta vivendo.
A maioria esta na segunda gestação e percebe como é difícil se ligar ao bebe que esta dentro da barriga, enquanto o bebe que esta fora, o primeiro filho, demanda tanta energia e atenção. Elas se permitem menos a ter momentos de descanso, de se impor limites de esforço físico, de se preservarem tanto quanto se preservaram na primeira gestação. Claro, há uma criança que precisa ser cuidada imediatamente, quer colo, e que também esta em processo para receber o novo irmão. Mas é bom lembrarmos que se não nos colocarmos limites, nosso corpo irá fazê-lo, e quando ele fizer poderá não ser de uma maneira muito legal. Gerar uma vida não é tarefa pouca, vamos nos preservar para cumpri-la com louvor!
E por essa falta de espaço que a 2ª. gestação tem (que dirá uma terceira), fica mais clara a importância de momentos exclusivamente dedicados a ela. Como participar de encontros com outras gestantes, e poder se conectar ao bebê que esta sendo gerado. Depois que o bebe nascer ele também vai precisar de seu espaço de tempo exclusivo com sua mãe, é bom a família toda ir se acostumando!
Temos algumas estrangeiras no grupo e nos deparamos com as diferenças nos procedimentos hospitalares de cada país. Na Alemanha, por exemplo, é comum que a parteira seja a responsável por realizar o parto hospitalar, junto com uma auxiliar e se for preciso um anestesista. O pai participa de tudo ativamente e a parturiente tem uma liberdade grande na tomada de decisões no processo do parto. No Brasil, o parto hospitalar é obrigatoriamente regido por um médico obstetra, que tem um auxiliar, uma ou mais enfermeiras, um anestesista (na grande maioria dos casos) e um neonatologista. O pai é figura passiva e a parturiente acata às regras de procedimento. Na Alemanha o índice de cesárea é de 27%, no Brasil 82%.
Isso gera insegurança em quem deseja um parto mais humano, natural e ativo no Brasil, sem abrir mão da suposta segurança do parto hospitalar. O que realmente é possível fazer para que o parto e o tratamento com o pequeno recém-nascido seja da maneira que cada família deseja? Muita coisa pode ser feita, muita coisa pode ser solicitada, muitas regrinhas podem ser quebradas. Basta se informar sobre os procedimentos, levantar as questões para se descobrir o que é relevante e o que não é, e conversar muito com seu médico, neonatologista e hospital escolhido. Assim, os pais se tornam ativos em seus partos e poderão dar à luz seu filho da maneira que acreditam ser a melhor. Sem informação as regras e “leis” medico-hospitalares é que serão os ativos.
Assistimos também ao filme do pediatra Dr. Harvey Karp – “The Happiest Baby on the Block” Ele parte do principio de que a gestação do bebê é constituída em 4 trimestres. Além dos três trimestres que o bebê passa dentro do útero se desenvolvendo, há ainda o 4º. trimestre, que consiste dos três primeiros meses de vida da criança pós-nascimento onde ela ainda é mais um feto que um bebê, não esta pronta, precisa ainda amadurecer órgãos e sentidos. Ela sente falta do útero onde estava aconchegada, apertadinha. Sente falta do som, chiado constante das veias e artérias e da placenta, que ouvia 24 horas lá dentro. E sente falta do movimento que a embalava (quando a mãe se movimentava).
Por tudo isso, nascer é um corte abrupto desse ambiente. A criança chora e os pais não sabem o porque e nem o que fazer para acalmá-la. A proposta do Dr. Karp não é nenhuma novidade, é um resgate do modo como a humanidade costumava instintivamente acalmar seus bebês durante milhares de anos, mas que acabamos esquecendo como fazer. Acalmar o bebê é imitar as condições da vida intra-uterina.
São 5 os passos para acessar o reflexo da calma do bebê:
1) aconchegar, apertar, envolver;
2) colocá-lo de lado ou de bruços
3) fazer um chiado com a boca ou emitir um “ruído branco”
4) balançar
5) sugar
Aconchegar, Apertar, Envolver:
Consiste em limitar os movimentos do bebê. No útero, no 3º trimestre, o bebê tinha pouco espaço para se movimentar, ele estava apertadinho. Aqui fora ele está totalmente solto e se sente inseguro. Ele ainda não tem domínio sobre seus movimentos e desconhece seus próprios membros. Só mais tarde, em torno de 4 ou 5 meses, é que ele vai descobrir suas mãos e seus pés. Nos primeiros meses eles o assustam com seus movimentos involuntários.
Por isso o uso de um cueiro é imprescindível, para fazermos o que chamamos no Brasil de charutinho ou pacotinho.
Com um tecido de algodão macio enrolamos a criança com os braços estendidos ao longo do corpo, de maneira firme a limitar totalmente seus movimentos, deixando apenas a cabeça solta.
Isso pode fazer com que a criança berre mais ainda, mas insista. Com os próximos passos ela irá se acalmar e estar enrolada fará com que o sono tenha um tempo prolongado. Esse envolver é importante nos três primeiros meses de vida, mas pode ser usado durante muito mais tempo, até aproximadamente 8 meses.
Posição de bruços ou lado
Depois da criança apertadinha no cueiro, apóie-a em um de seus braços com a cabecinha e suas mãos, e o corpo virado de lado ou levemente de bruços. Só isso já poderá ser suficiente para acalmar seu bebê.
A posição de barriga para cima é incomoda, ele se sente desprotegido, vulnerável. Hoje em dia estipulou-se que a posição mais segura para o bebê dormir é de barriga para cima, mas também é a que ele acorda mais assustado...
Chiar ou emitir um “ruído branco”
Se o bebê ainda não se acalmou, com ele enrolado, de lado nos teus braços, aproxime sua boca do ouvido do bebê e faça um chiado constante (como se pedindo silêncio), tão alto quanto for o choro do seu bebê, para que ele o escute e preste atenção. Esse chiado procura reproduzir um som parecido com o que ele ouvia dentro do útero materno. Dizem os especialistas que ele se assemelha ao volume do som de um aspirador. Conforme o bebê for se acalmando vá diminuindo o volume do seu chiado. Bebês chegam a adormecer assim.
Balanço
Juntamente com o chiado o bebê sente falta do movimento. Balance sua mão onde a cabeça dele esta apoiada, de maneira leve, continua e na horizontal. Parecerá com o movimento de uma gelatina num pires. É um sacolejar leve, como se a mãe estivesse subindo escadas. É um embalar mais curto.
Sugar
Alguns bebês ainda precisam de mais para se acalmar. Dentro do útero ele sugava, sugava o dedo, a mão, o lábio, o cordão umbilical, etc. Amamentação é o meio natural mais poderoso para acalmar. Mas se você não estiver amamentando, precisar de uma pausa ou não for a hora da mamada, há duas opções ótimas para você e o bebê. Pode oferecer o seu dedo, ou dar uma chupeta. Para que ele pegue a chupeta, você pode puxá-la de leve com o dedo para que ele pense que vai perdê-la e assim sugá-la com mais firmeza.
Regras para o uso da chupeta:
- se amamenta no peito não dê a chupeta até que tenha mamado bem;
- nunca passe açúcar ou melado nela;
- nunca amarre a chupeta ao pescoço do bebê, pode ser perigoso
Ao utilizar essas dicas você verá que nem sempre o bebê se acalmará com a aplicação de apenas uma ou duas delas, Alguns bebes respondem melhor à limitação, outros ao balanço, outros ao chiado. Mas alguns precisam de todos esses itens e precisam de muito.
Os pais também podem e devem assumir o papel de “acalmadores”, não só as mães possuem esse dom!
Alguns se preocupam se não estarão acostumando mal o bebê. Mas se lembrarmos que todos estes estímulos ele recebia durante 24 horas dentro do útero, sem interrupção e que simplesmente estaremos tornando essa passagem para a vida no mundo menos abrupta, saberemos que é impossível estarmos acostumando-o mal, ele já estava acostumado a tudo isso e esta sentindo falta. Com o passar dos meses ele deixará gradativamente de receber esses estímulos, e estará bem!
No proximo encontro teremos a visita da Obstetra Dra. Natalia Zekhry, que além de conversar sobre a gestação, também vai tirar de uma vez por todas nossas dúvidas sobre os procedimentos no trabalho de parto e parto, e o que é possivel fazer para "personalizarmos" este momento tão especial.
Grande abraço,
Tarsila e Emília
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
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3 comentários:
Sobre o enrolar o bebê: e no calor de janeiro, novembro, fevereiro, por exemplo? Os pediatras mandam que deixemos os bebês só de body... nada de enrolar... isso confunde muito nossa cabeça, não sabemos qual é o certo! Minha bebê era muito dorminhoca e nasceu no super verão de janeiro de 2011... qual era o certo? Enrolar no cueiro ou deixar a vontade? Aguardo resposta em ninyviana@gmail.com Grata!!
Adorei o blog, mto bom... cheio de boas informações!
Nao sei o q fazer cuido do meu bebe sozinha e ele quer ficar no meu peito o tempo todo, mal consigo fazer as coisas em casa pois ele chora o tempo todo se num estiver no peito, estou tentando dar a chupeta mas ele faz careta e não aceita, por favor me de umas dicas pois estou me sentindo inutil como mamãe, num sei se é normal o bebe chorar o tempo todo ele esta com 1 mes, num consigo q ele fique sem chorar só dando o peito. Att Julie.rasta@hotmail.com
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