quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

MITOS X VERDADES DO PARTO HOSPITALAR

Ata Grupo de Gestantes - 18 de fevereiro de 2009

No último encontro do Grupo de Gestantes, ficou no ar a questão do que realmente acontece num hospital durante o parto em relação a procedimentos. O que é lei, o que é regra do hospital, o que é pratica médica, e o que dá pra gente discutir e negociar pra ter o parto do nosso jeito.
Então, a Dra. Natalia Zekhry, ginecologista obstetra, veio conversar com a gente para tirarmos todas essas dúvidas. Foi bastante esclarecedor e deu pra perceber que a pesar de realmente existirem algumas leis nacionais que regem procedimentos, algumas regras de cada hospital, e condutas particulares de cada médico, dá sim pra gente negociar, conversar, bater o pé e fazer a nossa vontade prevalecer nesse momento tão particular.
O importante é se informar, saber o que quer, saber a relevância do que quer, e com isso escolher cuidadosamente os profissionais que nos acompanharão e a instituição que nos abrigará no parto. Lembrando que não existem apenas hospitais e obstetras como possibilidades, mas também maternidades, casa de parto, e até a nossa própria casa. Existem inúmeras linhas médicas seguidas por obstetras, existem parteiras, existem Doulas, enfermeiras, pediatras neonatologistas, anestesistas... Escolher tudo isso pode dar trabalho, mas depois que você achar o que quer, o negócio é entregar na mão deles e confiar que farão o melhor por você e pelo bebe, relaxar e estar ativamente presente na gestação e no parto.
Aqui seguem algumas questões que levantamos e que podem servir de base para a conversa com os profissionais que você escolher:

Trabalho de parto:

- Uso do quarto de parto, labor delivery room .
Alguns médicos só fazem parto no centro cirúrgico, mas algumas maternidades possuem esse quarto especial que é grande, confortável, equipado com banheira e que permite à gestante passar o trabalho todo de parto nele e dar à luz ali mesmo, se for parto normal.
- Presença ilimitada do pai em todo o processo. Isso é bom conversar com o médico, principalmente com o anestesista, que geralmente pede para o pai se retirar na hora da aplicação. Mas o pai poderia estar dando apoio físico à gestante, que se sentiria muito mais segura em braços que ela conhece e confia.
- Presença de outras pessoas, alem da equipe médica (doula, massagista, mãe, etc.). Na Maternidade Pro Matre, o delivery room é dentro do centro cirurgico, então eles restringem a presença de não-profissionais no acompanhamento do parto a 1 pessoa (geralmente o pai). Já nos hospitais Albert Einstein e São Luiz, o acesso a outras pessoas é ilimitado, a gestante pode por a família inteira pra assistir, se quiser. Se você quiser um acupunturista ou uma parteira te acompanhando converse com o médico pra saber como ele trabalha com essas participações.
- Quanto ao uso da oxitocina. É um hormônio que nosso corpo produz naturalmente que, entre outras, tem a função de promover as contrações uterinas. Quando as contrações são fracas e irregulares e o parto não esta progredindo de maneira adequada, o médico pode fazer uso desse hormônio aplicando-o na veia. Se ele faz isso e quando ele faz, é algo para se discutir.
- liberdade de movimentação, andar, se posicionar. Muitos hospitais públicos, pela falta de espaço e pessoal, ordenam que as parturientes fiquem deitadas. Isso não acontece na maior parte das maternidades particulares.
- liberdade para uso ilimitado da banheira e/ou chuveiro. Água morna ajuda muito a administrar a dor, mas alguns procedimentos médicos precisam ser feitos fora dela. A maior parte dos médicos não topa fazer um parto na água!
- questão da lavagem intestinal. Não é mais obrigatória.
- questão da tricotomia. (retirada dos pelos pubianos). Não é justificada, a não ser em caso de episitomia lateral.
- liberdade para beber água e sucos enquanto tolerado. Ingestão de alimentos ricos em carboidratos e pouca gordura. Discutir isso, pois pode haver discordância com o anestesista.
- monitoramento fetal: apenas quando necessário e não contínuo.
- deixar que a bolsa se rompa naturalmente. Converse com seu medico a respeito, pra saber em que casos ele estora a bolsa artificialmente.
- liberdade para decidir sobre analgésicos ou anestésicos. Para isso é bom conversar muito com seu médico para ele saber qual o seu grau de tolerância `a dor e quais as suas expectativas em relação à isso. Não há regra ou lei que determine o seu uso. Existem muitos tipos de anestésicos, procure conhece-los.
- ser informada sobre o tipo de medicamento que será aplicado e seu efeito sobre mim, o bebe e o parto. É um direito seu, mas se você escolheu bem os profissionais que te acompanham, então não se preocupe, entregue e confie, curta seu parto!
- questão da episiotomia. Muitos médicos fazem aquele cortezinho no períneo de praxe. Não esperam pra ver se será realmente necessário. Alguns cortam de um jeito, outros de outro. Não há comprovante de qual maneira de cortar é melhor, provavelmente a melhor é a maneira que o médico tem segurança em fazer. Mas muitas mulheres gostariam de deixar as coisas seguirem seus acontecimentos naturais. Então descubra a que método seu médico é adepto.

Parto (hora do nascimento)

- quero liberdade para sentir qual a melhor posição para mim na hora da expulsão. Alguns médicos determinam essa posição para terem melhor acesso.
- o quarto deve estar aconchegante, com meia luz, temperatura agradável e em silêncio. Se você quiser isso pode ter na maioria das maternidades. Nos centros cirúrgicos fica mais difícil, mas também dá pra cuidar um pouco do ambiente, se houver boa vontade.
- nada de ordens gritadas e excitadas. Ambiente especialmente calmo. – questão de conversar e se fazer entender.
- Nascimento suave, sem que eu force demais a expulsão. Depende da conduta do médico e do próprio parto.
- envolver o pai no trabalho de parto e parto. Nesse caso uma Doula ajuda bastante a orientar o pai e não deixá-lo apenas como espectador.
- Clampeamento do cordão umbilical - apenas depois que parar de pulsar.
- o pai deverá cortar o cordão. É um ato simbólico, mas que se o pai estiver disposto tem importância fundamental no papel do pai que acaba de nascer.


Após o Parto

- Sucção das vias respiratórias do bebe só se for necessária. Isso precisa ser conversado com o neo-natologista que acompanhará o parto.
- bebe amamentado nos primeiros 30 minutos de vida. Isso é importante para ele treinar o reflexo da sucção, muito presente na vida intra-uterina. Também ajuda na expulsão da placenta por estimular contrações.
- expulsão espontânea da placenta com auxílio da amamentação. – Tem médico que fica puxando e forçando...
- banho simbólico será dado pelo pai em banheira preparada junto à cama da mãe. Esse banho é calmante para o bebe, e coloca o pai em papel ativo. Mas não é praxe o médico promover isso.
- avaliação e exames no próprio quarto de parto. Nas grandes maternidades é isso mesmo que acontece, mas sabemos que há lugares onde o bebe nasce e é imediatamente levado embora, só mais tarde é que a mãe conhece seu rebento.
- período de observação. Nas maternidades Pró-Matre e SãoLuiz, após o parto e um tempinho junto aos pais, o bebe é levado para um período de observação de suas funções vitais. Ele vai pro berçário e fica sendo monitorado lá por 2 a 4 horas, até que o trazem para a companhia dos pais novamente. Isso é obrigatório nesses hospitais e não tem jeito de mudar. Já no Albert Einstein, se o neo-natologista afirma que esta tudo em ordem e juntamente com os pais se responsabiliza, o período de observação é feito no próprio quarto, sem precisar ir nem um instantinho para o berçário.
- Administração do nitrato de prata ou antibiótico oftalmológico. Essas gotinhas são lei, mas conversando com o neo-natologista e fazendo alguns exames antes do parto dá pra se livrar delas.
- alojamento conjunto. Separação apenas se solicitada pelos pais ou pelo médico. Isso é totalmente conversável e aceito perfeitamente pelas maternidades.


Em caso de cesárea

- que seja feita da maneira mais humanizada possível. – apesar de ser um procedimento cirúrgico, a cesárea é um parto e merece todo respeito e atenções de um parto natural.
- Permitir o início do trabalho de parto antes de efetuar a cesárea. Seria ótimo a criança poder escolher seu momento de nascer.
- presença do pai. É fundamental para transmitir segurança pra mão.
- Anestesia: sem sedação. É o nascimento do seu filho, esteja presente e participando disso!
- gostaria de ver a hora do nascimento, com o rebaixamento do protetor ou por um espelho. Isso também é possível se você quiser!
- após o nascimento gostaria que colocassem o bebe sobre meu peito e que minhas mãos estejam livres para segurá-lo
- amamentação o quanto antes – assim como no parto normal este estimulo é importantíssimo para mãe e bebe, ou até mais, para acordar os hormônios que ainda não entenderam que o parto já aconteceu.


Cuidados com o bebê

- camada sebácea - Não precisa ser inteiramente retirada, ela protege e nutre o bebe.
- amamentação – livre, os intervalos serão estabelecidos pela mãe e seu bebe.
- não oferecer água glicosada, complemento alimentar ou bicos, mesmo durante a noite. – isso pode acontecer em muitos berçários de maternidades, fiquem de olho! A não ser que seja prescrito pelo médico.
- banhos e trocas de fraldas no quarto – é bom os pais aprenderem e se habituarem com esses cuidados, logo eles estarão por sua própria conta.
- produtos de higiene do bebe - se você optou por utilizar determinados produtos em seu filho, leve-os à maternidade e descarte os que eles oferecem, sem constrangimento.
- medicamentos, exame e vacinas – as maternidades te oferecem um mundo de exames extras para fazer, e vacinas. Converse antes com seu pediatra para saber como proceder.

Obrigada Dra. Natalia Zekhry pela sua atenção, foi preciosa!

Quem quiser entrar em contato com ela procure:
Clínica Célula Mater
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 802
Tel: (11) 3067-6700

Grande abraço, Tarsila e Emília

Um comentário:

Unknown disse...

Parabéns pelo post, pelo blog enfim por tudo!!! Adorei!

Acabo de fazer um convite a todas blogueiras mães para participar de uma grande roda de conversas entre blogs para tratar deste tema durante o ano de 2011 e seria uma honra ter vcs nessa conversa entre blogs. Veja aqui: http://blogdodesabafodemae.blogspot.com/2010/11/gestacao-e-um-servico-social.html

Também estou entrando na pedagogia aldorf agora e gostaria de participar deste clube de mães, como eu faço?