quinta-feira, 9 de abril de 2009

Perda da Autoridade





Ata – Grupo de Mães
Dr. Aranha

Olá aos pais! Sim essa ata é para os pais!!
Tivemos um encontro muito rico, com a participação do Dr. Antonio Carlos de Souza Aranha, médico pediatra antroposófico e terapeuta de família.

O tema desta vez foi, a perda de autoridade. Como devemos agir quando os filhos estão no controle da situação, fazem o querem e mandam e desmandam?
É uma questão de autoridade e limites. Duas palavrinhas que podem causar até arrepios nos pais mais liberais. Eles, possivelmente sofreram com uma educação muito rígida, onde autoridade e disciplina eram conquistadas muitas vezes através de castigos físicos. Não é esse o caso aqui. Autoridade e disciplina podem sim ser conquistadas de maneira bem mais suave e amorosa. É uma questão que mora dentro de nós e aparecem através de nossas ações. Os limites devem ser sempre bem claros: o que é sim, é sim. E não é definitivamente não. Muitas vezes não há ato de mais amor do que dizer um não para uma criança.

Ações coerentes:
Ter coerência sempre com a criança é fundamental. Por isso os exemplos vindos dos próprios pais devem ser corretos. A criança não consegue fazer julgamentos do que é certo e errado. Nós é que temos que fazer isso por ela (só será capaz de fazê-lo por si própria, quando tenha por volta dos 12 anos). Então as explicações para um NÃO devem ser coerentes e simples para que ela possa entender. Não tente convencer a criança de que ela não quer algo. Aceitar o desejo dela é uma boa atitude, mas se a resposta ao final é NÃO, é isso que deve prevalecer. Exemplo: “eu sei que você quer muuuuuiiiito comer bolachas antes do almoço, mas se você comer bolachas não vai almoçar. Bolacha é lanche, não é almoço”. Ponto final. E os pais têm mesmo que agüentar a choradeira sem problemas. Isso faz parte. Deixe que ela expresse a sua frustração o quanto quiser. É só não dar bola e mudar de assunto. Não tem nada pior que mandar uma criança engolir o choro. Primeiro que isso não adianta muito, depois que acabam sendo duas frustrações seguidas. É demais.

Crianças espertas:
As crianças percebem rapidamente como conseguir o que querem através das reações dos pais. Então, quando frustradas por não conseguirem o que querem, elas reagem atingindo algum ponto fraco dos pais, avós, enfim, cuidadores, e é por aí que elas sempre vão conseguir o que querem. Por exemplo: uma criança que ao se frustrar, começa a bater a cabeça no chão. Os pais reagem com medo de que ela se machuque, vão logo amenizar a situação, dando o que ela quer. Se os pais tiverem firmeza e coerência e confiança, logo a criança vai perceber que aquele artifício não funcionou.
Ela pode tentar de vários desses artifícios: puxar os cabelos, arrancar os cílios, ficar sem comer e por aí vai. Não é fácil.... E as vezes esses casos parecem tão sem solução que é preciso mesmo buscar ajuda externa.

Crianças espertas (Parte II):
As crianças começam a testar seus limites por volta de 1 ano e meio. Elas jogam comida no chão, puxam todas as roupas das gavetas, entre tantas outras coisas. Isso para elas é uma brincadeira, mas é assim que começam a perceber as reações dos adultos diante de suas atitudes. Quanto mais a gente fala que não pode, mais elas fazem como se estivessem testando seus limites. E a coisa mais certa é: quanto mais damos atenção a esses testes, mais elas querem interagir, tomando o partido de oposição. Tirar a platéia é uma ótima dica. Saia de perto. Se o caso é jogar a comida no chão, mostre para ela está fazendo algo errado e peça ajuda para limpar depois. Criança adora tarefas e gosta de imitar os mais velhos nas atividades do dia-a-dia. A criança só pode nos “tirar do sério” pegando nos nossos pontos que já são fracos, ela sabe exatamente por onde nos desestruturar. Por isso vale saber que educar é se auto-educar!

Desfazendo a ação opositora da criança:
Essas ações opositoras variam no grau de intensidade com a idade e sempre é uma questão de testar e saber os seus limites. Assim, quando entramos em conflito com as crianças, o desgaste para nós é tão grande, que acabamos cedendo. O famoso “não” que vira “sim”. É importante não ceder para que ela saiba os limites. E o melhor seria saber agir rápido antes de chegar a esse desgaste. Então, a dica é desviar a situação transformado-a em outra rapidamente. Começar desde cedo é o melhor, pois elas crescem sabendo quais são esses limites e dificilmente os pais irão enfrentar situações mais graves de perda de autoridade mais tarde. Deixar a criança chorar bastante por alguma coisa que é "não" e no final acabamos cedendo e ela vira "sim", pode educar para a falta de auto-estima, o masoquismo, ela aprende que se chorar bastante acaba ganhando alguma coisa, mesmo que sejam migalhas.

Exemplos de como transformar as ações opositoras em ações positivas:

- a criança não quer sentar na cadeirinha do carro. Recusa-se e esperneia. Atacar para as cócegas é uma ótima, pois a oposição vira brincadeira.
- a criança não quer escovar os dentes, cantar uma música que ela goste pode funcionar. De preferência uma que tenha bastante AAAAAAAAA pra ficar de boca aberta.
- a criança está tirando tudo para fora da gaveta, tente chamar a atenção dela para outra coisa, como ver pela janela o cachorro, ou “olha o que eu achei aqui”.

Funções Maternas e Paternas:
Quando nos tornamos pais, nos cabe exercer várias funções perante o filho. E não importa quem exerça essas funções, pois elas não estão claramente divididas e pais e mães trocam todo tempo de funções.
Mas mesmo assim acaba acontecendo de maneira natural que os pais assumam mais as funções de estabelecer regras e por limites. E as mães acabam assumindo o cuidar, o acolher, o alimentar.
E quando nos vemos nessa situação onde o casal passa a ser uma família, viramos não mais uma dupla, mais sim um trio. E entre três elementos sempre pode haver um desequilíbrio. É preciso prestar muita atenção nas funções de cada um. Quem assume as funções maternas (independentemente se é a mãe ou o pai), tende a sempre acolher e proteger o filho em tudo, criando uma espécie de aliança e cumplicidade. E quem assume a função paterna, acaba ficando a parte, sendo o opositor. Essas situações acabam gerando dissonâncias entre o casal, onde um tira a autoridade do outro e o desequilíbrio familiar é completo. A criança não suporta ficar sozinha (sem atenção), então estará sempre buscando um aliado nestas situações (a mãe, o pai, a avó...). É aquela criança que busca ser o queridinho do professor ou que se zanga quando o amiguinho escolhido tem outros amigos.

Controle: a criança que tem o controle nas mãos determina quando os pais conversarão entre si, determina quando a mãe poderá falar com outras pessoas, determina as atividades de todos que a rodeiam. Ela não sossega, sempre dizendo o que ela quer e o que os outros devem fazer. Essa criança esta sempre tensa, atenta, mas a partir do momento que o controle é tirado de suas mãos, ela relaxa. Ela não tem que controlar mais nada, ela confia que os pais sabem o que é melhor pra ela e pra eles próprios. Por isso, limites claros determinados pelos pais são fundamentais para um desenvolvimento sadio da criança. A família é como um triângulo, onde cada um tem o seu lugar e estão todos ligados.

Fratria - relações entre irmãos:
As relações entre os irmãos vai ser sempre uma ligação muito forte de amor e também de ódio. Os pais que melhor sabem lidar com isso, são os que se metem o mínimo na relação dos irmãos, deixando que eles se resolvam. Quando os pais conseguem fazer isso, estão dando aos filhos, a oportunidade de se tornarem cúmplices, e capazes de sanar as diferenças. Quando os pais tomam o partido do mais fraco, o que sempre apanha (o mais novo, muitas vezes), estará tirando essa possibilidade. Muitas vezes o mais fraco é o provocador, e acaba levando por isso. A culpa cai sempre para o mais forte. E o mais fraco estará sempre buscando essa proteção afim de ter atestado o seu valor e importância diante dos pais

E lembrem-se: As relações básicas que são entre pai, mãe e criança, vão se projetar em todas as relações posteriores durante toda a vida desta criança. Se essa criança não recebe limites dos pais, suas relações futuras com outras pessoas também serão sempre na busca por esses limites. Se nesta relação não houver respeito, o desrespeito crescerá junto com essa criança em todas as suas relações. E em casos mais graves, se essa criança cresce sem amor, ela não poderá estabelecer nenhum vínculo de amor com qualquer outra pessoa.
Citando o filósofo Humberto Maturana: “Criança que não cresce no amor, não cresce como um ser social”

Muito obrigada Dr. Aranha por todos os ensinamentos!
Contato: Clinica Tobias
Rua Regina Badra, 576 - Alto da Boa Vista
Tel: 11 5687-3799

Um grande abraço,
Emilia e Tarsila